quinta-feira, maio 25, 2006

Chegaste sorrateiramente e lentamente subiste-me pelas costas.
Sim, eu sei que és tu.
Vês-me a sufocar e aproveitas-te disso. Mas cada dia que passa, construo o meu exército de pequenos soldados. Aos poucos, vou juntando coisas que sei que me vão fazer vencer.
Essa tua sombra, o ar que sugas sempre que te deslocas, a sensação de frio... Um dia vão ser apagados. Não de vez, porque sei que tu nunca me abandonarás.
Engraçado como existem tantas pessoas que se sentem sozinhas no mundo, e eu nem tenho oportunidade de sentir isso, porque te tenho a ti. Fazes-te notar dia sim, dia não. Se finalmente me sinto livre do teu aperto, voltas para me recordar que um dia te juntaste a mim e que não me vais abandonar. O mais estúpido é que, de uma forma ou de outra, já te procuro quando não te quero encontrar. Não te suporto, mas fazes-me sentir viva.
Por tua causa, conheci-me como nunca antes o tinha feito. Agora, em parte graças a ti, consigo tocar no fundo do meu mar, sem me afogar, sem entrar em pânico... E neste mar, há tanto que nunca vou revelar... E tu já o conheces melhor que ninguém. Já cá viveste antes de mim.
E é desta forma que estamos unidos. Tu não vives sem mim e eu... Eu não sei o que sinto.
Por isso escrevo-te, mesmo sabendo que não lerás nada disto. Já conheces tudo o que vai em mim... Melhor do que eu. As minhas palavras, no entanto, não são em vão. São suficientemente poderosas para me aliviar por momentos. E tu, mesmo vivendo em mim, não podes tocar neste meu alívio. Se os meus gritos não servem para te afastar, o que te escrevo serve para eu ganhar consciência do que te foste tornando. És mais um habitante de mim.

3 comentários:

Marina disse...

quem me dera poder sentir-me assim...outros braços, a quem poderei sempre voltar quando achar que estou perdida e achar que já nada mais faz sentido...

Anónimo disse...

Primeiro estranha-se, depois entranha-se ou vice-versa. Há presenças que se colam à pele sob formas harmoniosas. Quando nos apercebemos da falsidade dessas formas, já é tarde! Já nos habituámos à mentira que sabemos ser verdade.
What door do i open? A da solidão? A da ilusão? Ou nenhuma? Talvez me deixe ficar neste marasmo, de mãos vazias à procura do nada.
Sónia
Bjinhos
P.S. Sê feliz, abre uma porta qualquer.

Anónimo disse...

Eu é que sou um convencido do caray, mas obrigado. =)