domingo, fevereiro 07, 2010

ontem fechei os olhos.

saímos os dois, mão dada, passo a passo. caminhámos ruas descobertas, debaixo de estrelas, estrelas que contam histórias de animais que são pequenos demais para caberem em nelas.
disseste que tinha o sol em meu olhar. disseste que a lua e o sol se encontravam no meu olhar. e eu baixei os olhos e sorri. sempre tiveste esse dom, de me deixar envergonhada e feliz. sempre me deste luas e sóis, sempre tiveste estrelas acima de ti, sempre. e a tua voz, a tua voz que me sussurrava aos ouvidos...caminhámos de mãos dadas, as ruas descobertas de lisboa.
parámos naquela praça, junto à fonte, aquela, lembras-te? onde casais e velhos passam, onde os embriagados recitam os seus poemas que só fazem sentido a quem os vive, onde as crianças correm atrás dos pombos que correm sem perceber o porquê, como um jogo de loucos onde todos perdem, ninguém ganha, todos (se) perdem.
parámos nessa praça, junto à fonte e olhei para ti; os meus lábios desenhavam um sorriso, como quem antecipa um beijo. a água que fugia da fonte cobria-nos o olhar, como chuva saindo de um jarro de pedra, jorrada por um qualquer alguém que se quer anónimo, que todos vêem e todos esquecem. parámos junto à fonte e o cheiro do teu perfume envolveu-me. e o teu calor envolveu-me, os teus braços, tu.
tu disseste que era para sempre. porquê?

ontem abri os olhos.
foi bom regressar a casa. quão amarga a incerteza de não saber se vou voltar.

1 comentário:

sónia disse...

Talvez porque seja para sempre!

A perda e a incerteza são sempre tão amargas. Por que serão? Não devíamos encaixar nesse perfil se é o nosso desde que nascemos?

Cheirei as tuas palavras. Impressionante! Voltaste a escrever aqui.