tag:blogger.com,1999:blog-230479662024-03-23T17:44:12.503+00:00Broken SkinBroken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-31930966157873076412011-08-05T00:06:00.002+01:002011-08-05T00:13:06.799+01:00<span class="Apple-style-span" >A linha entre a vida e a morte é tão fina. </span><div><span class="Apple-style-span" >Se, quando vivos, não conseguimos olhar a outra pessoa nos olhos (há o medo, não há confiança), quando mortos, todos param para olhar para os nossos olhos mortos, cobertos. Olhos mortos cobertos por lençóis finos, brancos, olhos mortos cobertos por terra, pó e cinzas. </span></div><div><span class="Apple-style-span" >E, de repente, de estar sozinho no meio de multidões com medo de nos olhar nos olhos, passamos a estar sozinhos no meio da sala, com pessoas a olharem-nos nos olhos e o nosso olhar vazio a ver tudo.</span></div>Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-71391054647974590872010-03-04T23:16:00.000+00:002010-03-04T23:17:35.906+00:00e é como se o sino daquela igreja desse corda às horas do mundo.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-37103858536137020832010-03-03T00:03:00.001+00:002010-03-03T00:03:27.697+00:00como se mata o amor, meu amor?Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-49760977986743719402010-03-02T23:37:00.001+00:002010-03-02T23:39:20.828+00:00hoje somos um.<br />não aquele um profundo, que mundo e fundo diz ser quando encontra alguém.<br />somos um, longe de mim e de ti.<br /><br />hoje, a minha mão toca o ar, no lugar daquilo que era teu.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-60243601860690363022010-03-01T22:58:00.002+00:002010-03-01T23:16:59.767+00:00ontem eramos dois.<br />caminhavamos por estradas e ruas, sem pensar em quem nem como nem onde nem porquê. eramos dois, e isso era o que importava.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-28893877771743853782010-02-07T23:41:00.004+00:002010-02-07T23:55:55.993+00:00ontem fechei os olhos.<br /><br />saímos os dois, mão dada, passo a passo. caminhámos ruas descobertas, debaixo de estrelas, estrelas que contam histórias de animais que são pequenos demais para caberem em nelas.<br />disseste que tinha o sol em meu olhar. disseste que a lua e o sol se encontravam no meu olhar. e eu baixei os olhos e sorri. sempre tiveste esse dom, de me deixar envergonhada e feliz. sempre me deste luas e sóis, sempre tiveste estrelas acima de ti, sempre. e a tua voz, a tua voz que me sussurrava aos ouvidos...caminhámos de mãos dadas, as ruas descobertas de lisboa.<br />parámos naquela praça, junto à fonte, aquela, lembras-te? onde casais e velhos passam, onde os embriagados recitam os seus poemas que só fazem sentido a quem os vive, onde as crianças correm atrás dos pombos que correm sem perceber o porquê, como um jogo de loucos onde todos perdem, ninguém ganha, todos (se) perdem.<br />parámos nessa praça, junto à fonte e olhei para ti; os meus lábios desenhavam um sorriso, como quem antecipa um beijo. a água que fugia da fonte cobria-nos o olhar, como chuva saindo de um jarro de pedra, jorrada por um qualquer alguém que se quer anónimo, que todos vêem e todos esquecem. parámos junto à fonte e o cheiro do teu perfume envolveu-me. e o teu calor envolveu-me, os teus braços, tu.<br />tu disseste que era para sempre. porquê?<br /><br />ontem abri os olhos.<br />foi bom regressar a casa. quão amarga a incerteza de não saber se vou voltar.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-5865987575672849422010-02-07T23:31:00.000+00:002010-02-07T23:35:03.362+00:00tornei-me inverno.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-81713996566190654082009-10-10T01:25:00.002+01:002009-10-12T22:19:58.751+01:00sabes, amor,<br />as folhas que caem das árvores,<br />como se lágrimas fotossintéticas fossem,<br />são folhas que beijam peles,<br />nuvens e sol.<br />são beijos teus,<br />que tão meus são,<br />beijos.<br />sabes, amor,<br />sabes-me a primavera,<br />onde tudo é novo e renovo,<br />onde beijos de folhas são<br />pedaços de vida que nasce.<br />folhas de árvore que voltam do chãoBroken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-6242680842957635832008-06-29T22:15:00.000+01:002009-10-12T22:15:45.233+01:00Fazem-se frias as palavras que escorrem por paredes nuas, brancas.<br />
<br />
Frias.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-42437865048924433212008-03-12T17:47:00.005+00:002009-10-12T22:18:04.298+01:00<div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">faz-se cedo. é o que as horas no teu pulso te dizem, que se faz cedo.<br />
<br />
sempre achaste que as horas são coisas muito relativas. sempre viste o ponteiro do relógio ao contrário dos outros e o que para eles são minutos, para ti são horas que passam em instantes. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">faz-se cedo. faz-se cedo e as tuas mãos estão quentes do chá que seguras, o chá que se faz frio.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">faz-se frio, o chá, e faz-se cedo, o tempo.<br />
pensas no meio de um e outro gole que tudo seria bem melhor se não houvesse tempo contado nem por contar. tudo seria bem melhor se se fizesse sempre cedo e não tarde. pensas que, tal como o chá que arrefece nas tuas mãos, o tempo faz arrefecer as pessoas, os dias. as pessoas tornam-se invernos. faz-se cedo e as pessoas fazem-se frias como o chá que está na tua chávena. pensas que é bom que se faça cedo, que a noite se estende lá fora e que já passou de meia, que nela existam pirilampos em forma de estrela que te dizem que se está a fazer cedo.<br />
suspiras.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">olhas para o relógio e para a mesa onde tens as mãos pousadas, com o chá entre elas. o frio arrepia-te o pescoço e sentes a pele eriçar-se. será que te estás a tornar fria como o chá?</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">abanas a cabeça como quem tenta tirar uma borboleta do cabelo. se estiveres fria como o chá, pouco se pode fazer.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">levantas-te. esfregas os olhos e pegas na mala, olhas para os lados como se pudesses abarcar o resto da casa com um unico olhar e partes.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;"> </span><br />
</div><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="color: black; font-family: verdana;">o chá está frio.</span><br style="font-family: inherit;" /> <br style="font-family: inherit;" /> <br style="font-family: inherit;" /> <br style="font-family: inherit;" /> <object height="355" style="color: black;" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/742uUWqB9AY&rel=1&border=0"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/742uUWqB9AY&rel=1&border=0" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" height="355" width="425"></embed></object><br />
</span>Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-11010434944837637832007-12-28T00:30:00.003+00:002009-10-12T22:17:52.309+01:00<div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Não me lembro de como viemos aqui parar. A minha cabeça está cheia de flashes que nada me mostram, nada me dizem, luzes intermitentes, gritos mudos, abafados, gritos. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Neste momento também não me interessa saber como estamos aqui.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Estou tão fria. Não sinto os dedos, não sinto as pernas, não me sinto, eu corpo, eu físico, não me sinto, não estou. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Sei que estás aqui a meu lado porque sinto a tua mão entrelaçada na minha, daquela forma que só tu sabes fazer, cruzas os teus dedos nos meus de modo a aquecer as minhas mãos que estão sempre a queixar-se por estarem frias. Cruzas os teus dedos nos meus de forma a que não se saiba onde começa a minha mão e onde acaba a tua. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Sei que estás a meu lado, mas sinto-te frio, mais frio do que o frio que me corta os movimentos. Não te mexes. És pedra a meu lado. Chamo por ti, chamo-te, grito o teu nome, sem forças grito o teu nome mas não me respondes. Tento levantar-me: cada músculo, cada tendão, cada pedaço de pele do meu corpo grita por socorro. Assustada, perdida, tento levantar-me. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">A areia crava-se nas minhas mão, arranha as minhas costas, crava-se em mim, começa a fazer parte de mim. Tu és parte de mim, mais do que esta areia, mas tu não te mexes, não me respondes, não te mexes, és pedra a meu lado. Quero saber o porquê de não me responderes, diz-me porquê. Quero ouvir-te dizer está tudo bem, meu amor. Eu estou bem, meu amor, vai ficar tudo bem, meu amor. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Aos nossos pés, há mar revoltado, há mar que grita por vingança; lá ao fundo, vejo luzes amareladas de uma qualquer cidade embaciada pela chuva, de uma qualquer cidade que está longe demais, que parece terrivelmente fria nos tons quentes de um amarelo velho. À nossa volta há mais corpos, há mais pernas, há mais braços, estão todos inertes, não se movem, tal como tu, não se movem, não vivem, mas eu vivo, vivo para ver corpos molhados e inertes de olhos fixos no nada, num ponto que só eles sabem onde fica, a olhar um nada cheio de nada. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Sinto-me fria; cada gesto que faço é automático, como se tivesse sido programada por alguém superior, como se sempre tivesse estado perdida aqui, como se sempre tivesse estado gelada, como se cada pedaço de mim sempre tivesse tremido, como se sempre tivesses estado inerte a meu lado. Como se nunca me tivesses respondido quando chamo desesperadamente pelo teu nome. Responde-me, por favor, responde-me. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Levo as minhas mãos à tua cara, toco-te, ponho a minha cabeça no teu peito, não há coração a bater, não há sangue, nem vida a correr pelas tuas veias, já não há um tu. Grito, choro, sinto as minhas lágrimas correr, misturam-se com a chuva que nos bate, grito. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Responde-me, por favor, meu amor, responde-me.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Eu vivo, vivo para te ver morto a meu lado. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">A minha dor é tanta que não me cabe no peito, não cabe em mim, não me cabe. É tanta que não me sinto, não sinto ar, não me sinto, não sinto as lágrimas a queimarem-me a cara, não sinto o meu grito, não sinto a minha tentativa de respirar, não te sinto, não me sinto, não nos sinto. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Tenho a minha cabeça no teu peito. Tenho esperança que abras os olhos, que me digas está tudo bem, meu amor. Eu estou bem, meu amor, vai ficar tudo bem, meu amor. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Tenho esperança que o teu olhar volte para mim, meu amor, o teu olhar, que me aquecia em noites de Inverno, meu amor.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Fecho os olhos</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black; font-style: italic;">"(...) Nós, seres incautos, fechamos-lhe (à morte) sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela não nos verá"</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">José Luís Peixoto</span><br />
</div>Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-47995037813603195822007-09-19T10:02:00.003+01:002009-10-12T22:18:17.502+01:00<div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Escrevi-te do lado errado da saudade. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Mas acho que me esqueci do lado certo da saudade. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Acho que me esqueci de mim enquanto te escrevia. Mas lembrei-me de nós.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">E voltámos a viver os dois em linhas e frases, em letras e palavras. Em parágrafos desenhados por mim. Em folhas preenchidas por nós.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Escrevi-te em mim e perdi-me em ti. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Voltámos a viver em campos, voltámos a sorrir, voltámos a ser um só. Os nossos corações voltaram a bater como um só, a nossa voz voltou a ser uma só, os nossos dedos voltaram a unir-se.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Desde o dia em que partiste que vivo junto da saudade. Devia viver contigo, junto a ti, a ti. Mas é com a saudade que vivo. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Não há sonho, não há palavra, nem sopro, nem brisa que te traga de volta. </span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Gosto de pensar que és o vento que me envolve os ombros em noites de estrelas, vento que me envolve, é o que penso. Mas o vento não me fala nem me diz coisas bonitas. Tu dizias coisas bonitas.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Lembro-me do dia em que partiste. Escolhi apagar o dia 28 daquele mês que agora só tem 30 dias e que do dia 27 passa para o dia 29. Escolhi retirar esse dia para te escrever, para te ver no meu sonho, para te ver. Mas tu já não és. Lembro-me que olhavas para o relógio parado, cujas badaladas o pêndulo desistiu de fazer soar. Aquele balouçar que te fazia adormecer, um movimento hipnótico que te levava para longe. Longe de ti, dos teus sonhos, longe, num horizonte distante que nem tu sabes onde fica. Esse pêndulo que parou no tempo, que parou o tempo, que parou para nunca mais bater. E o tempo parou com o pêndulo, mas tu não paraste, foi o tempo que parou. Não mais respirar, não mais ver, não mais. Olhaste para mim e disseste "vou partir". Eu não percebi porquê, dizias que me amavas e eu amava-te também. "vou partir". Olhei para ti, tinha as minhas mãos pousadas sobre a saia azul que tinhamos escolhido os dois, quando saímos os dois para comprar algo para mim porque querias dar-me algo e tinhas dito que eu ficava bonita com a saia. Olhei para ti e não percebi o porquê. "vou partir". Sei que os meus lábios se crisparam por momentos e continuei a olhar para ti, e sei que os meus lábios se soltaram um do outro para sussurrar uma palavra que nem eu sei se tu percebeste de tão baixo que sussurrei.. "porquê?". Tu não respondeste, não respondeste e eu não percebi. Não respondeste, levantaste-te, pousaste os teus lábios na minha testa e eu senti uma gota de água, que mais não era do que uma lágrima que não percebia se era tua, minha ou dos dois. Levantaste-te e caminhaste, saiste e partiste de vez.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">A partir desse dia, escrevi-te em palavras e viveste em palavras.</span><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><br />
</div><div style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Escrevi-te do lado errado da saudade. Da saudade que tenho de ti.</span><br />
</div>Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-71120388229373075492007-06-18T18:22:00.004+01:002009-10-12T22:45:32.852+01:00imagens.<br />olhas para um fotografia e vês pessoas a sorrir, pessoas que já nem reconheces; são habitantes de tempos passados, tempos idos, mas que continuam sempre a sorrir ali, mesmo que no dia a seguir a esse tenham derramado lágrimas, mesmo que já nem te lembres porque é que essas pessoas se riam assim, felizes.<br />riam-se e tu olhas e continuam a rir-se, congeladas num rectângulo de papel que resiste a cada ano porque se quer que esse sorriso resista também. esse pequeno papel que os faz manter jovens, manter feliz aquele momento.<br />não te lembras tu que nesse dia juramos amor eterno, que só não foi eterno porque um de nós partiu e não foste tu, fui eu que parti. olhas para esse rectângulo de papel e a tua garganta quase se fecha de dor porque achas que parti cedo de mais, tinha-te prometido amor eterno. mas eu amo-te, eu amo-te, eu amo-te, eu amo-te, sempre te amarei. e nesse pedaço de papel o teu olhar diz que me amas também e os teus olhos cheios de lágrimas dizem que ainda me amas, mas não percebem porque parti. lembras-te sim do dia em que acordaste com alguém frio do teu lado, face fria, rugas, pele, coração frio. meu amor, disseste tu, meu amor partiste. eu parti meu amor, parti mas estou aqui e lembro-me do dia em que juramos amor eterno, um amor que para mim vai ser eterno porque já não existo a não ser em memórias e no teu olhar, mas é eterno o meu amor.<br />mesmo que não te lembres do porquê, de como sorriamos, de como riamos, do que nos riamos, sabes que ali nos rimos e ali ficámos. para quem nos vê ali, teremos sempre a mesma idade e o mesmo sorrir.<br />estaremos sempre naquele instante. estaremos sempre naquele instante.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-15790005910930993742007-05-13T17:10:00.003+01:002009-10-12T22:46:07.660+01:00sentir<br />a terra desabar no céu<br />azul como água de um mar<br />que secou por não ter um<br />céu como tecto e passar<br />a ser ele o céu dos outros.<br /><br />respiração<br />de aves que voam<br />no céu que já não há<br />por ter secado<br />o céu que já não é céu<br />mas sim um mar que secou.<br /><br />caminhos<br />de nuvens que se tornaram caminhos<br />de homens e não de aves<br />que agora voam em mares secos.<br /><br />nuvens<br />de terra e caminhos<br />de nuvens que agora todos pisam.<br /><br />já não há céu<br />há um mar que secou por não<br />ter um céu como tecto.<br /><br /><a style="color: rgb(0, 0, 0);" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_EnDgQspdjCbK1D39JGhfH7nY0AMihGQ0IXFYkJzje3ihU6yok8X4HEamvLKpcuUCTGQeQ42WLUQa366k286vDKHhHl0r2tu2JC7wKGwl_yTBmtWeGsat58Yds1psGhC8ayKA/s1600-h/S%C3%ADlvia_Dias2bw.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_EnDgQspdjCbK1D39JGhfH7nY0AMihGQ0IXFYkJzje3ihU6yok8X4HEamvLKpcuUCTGQeQ42WLUQa366k286vDKHhHl0r2tu2JC7wKGwl_yTBmtWeGsat58Yds1psGhC8ayKA/s400/S%C3%ADlvia_Dias2bw.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5064081692574118706" border="0" /></a><br /><span style="color: rgb(0, 0, 0);font-family:verdana;font-size:85%;" >Palavras sem nexo, de uma noite sem sentido</span>Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-12570765940843251462007-04-17T19:11:00.003+01:002009-10-12T22:46:51.635+01:00Palavras.<br />Palavras. Vómitos de palavras que te queimam por dentro. Que te queimam os pés por querem levantar-te, que te queimam as mãos por quererem ser escritas, que te queimam a garganta por quererem ser gritadas, que te queimam. Palavras que querem sair, que estão tão presas, presas há tempo de mais, mas que tu sabes que não vão sair, tu sabes.<br />Porque voltaste a ti.<br />Hoje voltaste ao teu tu antigo, frágil, que só encontra saída para a dor que não tens através das lágrimas que queres chorar e que simplesmente não saem. Não saem.<br />Sentes o teu coração, deitada sentes o teu coração bombear palavras que correm as tuas veias, sentes o teu coração bombear o sangue que passa pelas tuas veias, que te deixa viver. O teu sangue, que de tanto teu, perde-se em ti.<br />E o frio. O frio que parte da ponta dos teus dedos e entra em cada poro da tua pele. Que é tão frio que queima, queima e arrepia e que te faz sentir que não há tecido que te proteja, não há, nas tuas próprias mãos, algo que te proteja.<br />Voltaste a ti, tão frágil como antes.<br />Deitada pensas em palavras e falas palavras que te descrevem a ti própria aquilo que sentes. Palavras que falas, palavras que dizes e repetes e nas quais acreditas porque sabes que são a verdade. Palavras que já te passaram nas veias, que subiram desde o mais fundo de ti e que agora estão no mais alto de ti. Palavras que se misturam com as poucas lágrimas que conseguem sair da prisão que inconscientemente criaste nos teus olhos e não sabes porquê. Palavras e lágrimas, palavras e veias, palavras e frio.<br />Deitada vês tudo e não vês nada.<br />Tentas compreender o porquê das coisas que não foram criadas para ser explicadas. Coisas que se misturam com palavras. Com as mesmas palavras que tu sabes que são só tuas.<br />Respiras. Respiras palavras que entram em ti, palavras que não és tu a dizê-las, mas que são tão tuas, precisamente porque não sabes quem as diz nem porquê. Porque tu não sabes o que és nem porquê. Nunca soubeste, nunca te aproximaste sequer da verdadeira resposta.<br />Respiras.<br />Respiras e sentes o frio a correr pela ponta dos teus dedos. E continuas a não conseguir proteger-te a ti própria. E sentes que, por mais rodeada que estejas, de pessoas, de palavras, continuas tão só quanto te deixaste. Tão só e ao mesmo tempo tão acompanhada. Tão só.<br />Procuras um refúgio. Um sítio onde possas chorar sem ter que explicar por palavras o porquê de estares a chorar. Onde possas rir sem explicar por palavras o porquê de te estares a rir. Um sítio onde possas ser, existir.<br />Um sítio que, por não ser teu, passa a pertencer-te. Não sendo teu, mesmo não sendo teu.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1158876710787899042006-09-21T22:57:00.003+01:002009-10-12T22:48:34.555+01:00Voltaste para me acompanhar... Queres fazer de mim o teu fantoche pessoal. Já não basta a tua voz a arrepiar-me a pele, a mexer com os meus sentidos... Não. Agora sinto a tua presença, o teu olhar, o teu hálito putrefacto, como se estivesses enterrado durante anos.<br />Sorris porque sabes que, mais tarde ou mais cedo, vais vencer-me. E nem precisas fazer um grande esforço. Basta continuares a seguir-me e enfraquecer-me aos poucos com o desespero que me provocas. As forças que tenho, que ganhei até aqui, não são suficientes para esta guerra.<br />Assaltas o meu espírito, infiltras-te no ar que sugo, caminhas nas minhas veias. Unes-te a mim aos poucos.<br />Ao olhar para ti, vejo aquilo em que me irei tornar. Alguém que não teme nada, que não ama nada, que não sente. Vou perder-me e ninguém tem o mapa. Foi o que aconteceu contigo. Perdi-te e não soube salvar-te a tempo. Agora tornaste-te na minha sombra, que apenas surge quando mais fraca me encontro.<br />Estranho.... O medo maior que tenho é o medo de mim própria.<br />Sinto-me como se olhasse para um espelho. As pálpebras quase cerradas, os olhos sem vida, que só mexem para observar os gestos do seu fantoche. Pele sem brilho, sem cor. Um farrapo de vida que só existe porque a sua outra metade existe também.<br />Quero fugir de ti, mas não consigo. Persegues-me lentamente...<br />O teu objectivo sou eu.<br /><br />Cada vez que tento escapar, é uma chaga que me aparece. Chagas que marcam a minha pele, marcam o meu corpo, ardem como fogo. E a cada dia que passa, as chagas vão aumentando, consumindo cada centímetro de mim.<br />E tu limitas-te a olhar, com o prazer e a satisfação de quem vê o seu filme preferido.<br />És o meu outro eu, a minha outra metade, essa que todos procuram nos outros e não em si próprios. Mas ela está lá. Está sempre lá....<br />A diferença é que os outros têm a sorte de não saber. E quem não sabe é como quem não vê.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1157415496390908832006-09-05T01:16:00.003+01:002009-10-12T22:48:57.176+01:00Quentes... É como sentes as tuas lágrimas que lutam contra os teus olhos. Dentro de ti, a razão luta contra o coração, os teus nervos lutam contra o teu cérebro, o enjôo luta contra o teu estômago, a aquele aperto luta contra a tua garganta,... A tua alma luta contra a dor.<br />Transformaste-te num campo de batalha, sem vencedores nem vencidos. E sem fim à vista.<br />Quiseste respirar de novo e voltaste a cair.Tentaste regressar à superfície depois de tanto tempo e voltaste a afogar-te.Ao menos tentaste. E da tua tentativa nunca te arrependerás.<br />Agora voltaste ao ponto de partida, mas dói... Oh, como dói.<br />Não é esse sol que te ilumina por entre os ramos, nem essa brisa quente que te afaga os braços nus e seca o suor e as lágrimas que conseguiram furar a muralha, que te vão trazer paz.<br />Por enquanto, tudo o que te resta fazer é continuar assistir à guerra e ir apoiando o lado que ganha cada batalha...<br />Porque sabes que quando te habituas às lágrimas, os olhos vencem; quando te habituas à razão, o coração vence; quando te habituas aos nervos, o cérebro vence; quando te habituas ao enjôo, o estômago vence; quando te habituas ao aperto, a garganta vence... Quando te habituas à dor, a alma triunfa.<br /><br />Até voltares a cair.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1153692863707857122006-07-23T22:31:00.003+01:002009-10-12T22:49:26.304+01:00Essa dor de alma que te arrepia a espinha faz com que te sintas inferior.<br />Rastejas e arrastas-te e por muitos bancos e escadas que subas vais continuar a ser um grão de pó, sem poder para controlar a tua vida.<br />Vês-te rodeada de guardiões, guardiões que não te guardam, mas te prendem as asas, te amachucam as penas, te impedem de voar. Vindo deles ouves aquele som que não te deixa fechar os olhos, como se estivessem a sugar o ar à sua volta, como quem respira a vida que não é deles. Sentes-te a asfixiar, sentes-te a enlouquecer.<br />Pedes misericóridia, piedade pelas tuas cicatrizes de guerra, pois és tão ou mais frágil que eles. Mas eles ignoram-te e empurram-te para o meio do seu círculo de fogo. Sentes o peito romper, queimar, lágrimas na face porque, mais uma vez, não consegues controlar a dor.<br />Fogo, vermelho, quente, inferno de chamas que te aspiram a vida, sem teres oportunidade de sequer pensar no que te está a acontecer. Não percebes o que te está a acontecer, não queres acreditar no que te está a acontecer. Definhas lentamente, aumentando a angústia da tua incapacidade de agir. Não há lágrimas que apaguem esse fogo. E o riso, o riso daquelas vozes graves que te arrancaram do mundo. Ouve-las e tentas gritar, esforças-te por respirar mas não consegues.<br />Gritas, gritas até que tudo pára.<br />A brusquidão do silêncio instalado assusta-te. Faz-te confusão, perdes a noção de tudo.<br />Ar, há ar à tua volta.<br />E, lentamente, apercebes-te do que és...Durante a passagem dessa rajada de vento que traz as cinzas da tua pele queimada.<br />Já não tens penas, mas ainda procuras a memória do seu roçagar. Já não tens asas, mas ainda voas. Agora mais alto ainda.<br />É tudo tão mais simples assim. Não tens que decidir para que lado ir. A brisa fá-lo por ti.<br />Já consegues ver as capas negras dos teus guardas ao longe. O som arrepiante deles acabou. Agora só ouves o vento a chamar por ti. "Anda... Segue-me e terás paz".<br />Paz... Como precisas de paz.<br />Vai. Pode ser que o amanhã chegue já hoje. Segue o vento e adormece na lua..<br />Estás livre.<br /><br /><br />Ouvindo Sigur Ros - svefn-g-englarBroken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1153429236102656342006-07-20T21:56:00.003+01:002009-10-12T22:50:03.787+01:00Apetece-me rasgar a pele e renascer.<br />Renascer nos teus braços, longe daqui. Onde ninguém nos conhece, nem eu me conheço, nem tu a ti. Assim, tu ensinas-me a viver e eu ensino-te a admirar a pérola que existe dentro de ti.<br />Dividiriamos o nosso coração em dois e trocariamos, um com o outro, uma parte dele. Tal como se trocam juras de amor.<br /><br />Quero rasgar a pele e renascer.<br />Abrir os olhos e sentir-me nova e livre. Abraçar-me a mim mesma e sentir-me confortada. Dizer-me que está tudo bem e acreditar nas minhas palavras.<br />Secar cada lágrima com um leve sopro de ar, vê-la cristalizar na minha mão e refrescar o meu dia.<br />Nas tempestades, fechar os olhos e voar, voar... Subir, subir... E só descer quando as nuvens negras passarem.<br />Ou simplesmente correr até ti. Novamente os teus braços, que são tão diferentes dos meus.<br />Tão...teus...<br /><br />Vou rasgar a minha pele e vou cair.<br />Vou voltar a mim porque o "mim" não quer partir. Porque debaixo da minha pele continuo eu...<br />Mais frágil, talvez...<br />Mais sensível, sim.<br />Mais nua.<br />Mais eu.<br /><br />Rasguei a minha pele e caí.<br />Porque a minha pele rasgou mas os restos permanecem como gotas de orvalho da manhã.<br />E são cicatrizes mais profundas que a crosta do meu mundo.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1150844261702818892006-06-20T23:49:00.003+01:002009-10-12T22:50:34.345+01:00Abres os olhos e gritas.<br />Esperneias.<br />Acertas em tudo à tua volta.<br />Esmurras. Partes. Estilhaças.<br />Sentes os vidros na pele, na carne. Sangue, quente, vermelho, jorra das tuas mãos.<br />Mas tu nem ligas. A tua prisão continua fechada.<br />Não desistes.<br />Cais de dor.<br />Essa dor que te aperta o peito. E dói-te tanto. Dói tanto que apetece acabar com a vida que te corre nas veias.<br />Dói tanto que queres mostrar que és mais forte, superior a isso, mas nem sequer consegues sussurrar.<br />Dói tanto que te perdes em ti.<br /><br />Levantas-te.<br />O teu coração bate descompassadamente. Sente-lo na garganta.<br />Arranhas. Bates.<br />Magoas-te.<br />Até que não aguentas mais.<br />Lágrimas fervem na tua cara gélida.<br />Olhos ardem como se chamas os queimassem.<br />Asfixias.<br />Tens as mãos a segurar-te o peito como se isso te segurasse a vida.<br />Queres fugir.<br />Queres correr.<br />Queres eclipsar-te com a lua e ser queimada pelo sol.<br />Mas sempre pudeste fugir.<br />Sempre tiveste a oportunidade de correr.<br />E não o fizeste.<br /><br />E é aí que surge de novo. Essa voz... essa voz que te agonia, que te dá vontade de rasgar e bater e chorar e cair e parar com tudo o que te faz mal e te corrói por dentro. E sentes que não aguentas mais, por mais que tentes, por mais que te esforces, não aguentas. E choras, choras como nunca, choras até os teus olhos secarem, choras até adormecer a dor.<br />Mas ela não dorme. Nunca adormece para não desaparecer.<br />Sabes que mais?<br />Tens um grande defeito.<br />És humana.<br />E odeias-te por isso.<br />E não vale a pena chorar.<br />O mal está feito.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1148993470314188912006-05-30T13:48:00.003+01:002009-10-12T22:50:56.344+01:00Luto contra a minha vontade de ver a realidade para poder dar lugar à vontade de sonhar com o que nunca acontece.<br />Nos meus sonhos mais ocultos, por muito que fuja do que não me persegue, por muito que grite, chore, corra, acabo sempre a olhar para ti. Nunca consigo perceber como estás; nunca vejo a tua cara. Mas sinto o teu cheiro. Não reconheço mais nada teu a não ser isso. E o teu cheiro é o suficiente para me acordar.<br />Desperto sempre quando tento ver o teu rosto. Há algo no mais ínfimo de mim que não me permite ver quem és. Acho que o meu inconsciente quer tentar assaltar o meu consciente e tentar roubar-lhe o lugar. Mas este é sempre mais forte.<br />Hoje, aqui sentada neste jardim, debaixo de uma árvore que, volta e meia, dá sinal de vida ao deixar cair flores deste tecto que me cobre, não consigo perceber se és real.<br />Conheço quem pense que tenha encontrado a sua princesa num sonho, e vive quase em função dessa mulher. Não quero fazer isso. Por vezes, uma recordação do que não esta bem definido, do que não se sabe se existe, é o suficiente para que permaneça para sempre mágica e pura. É o que és para mim neste momento. Algo mágico e puro. E é assim que vais ficar.<br /><br />Acabo de me aperceber que vivo rodeada de seres que só existem em mim. Construí um mundo, o meu pequeno mundo arrepiante.<br />E arrepiantemente belo.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1148593329415153412006-05-25T22:35:00.002+01:002009-10-12T22:51:22.943+01:00Chegaste sorrateiramente e lentamente subiste-me pelas costas.<br />Sim, eu sei que és tu.<br />Vês-me a sufocar e aproveitas-te disso. Mas cada dia que passa, construo o meu exército de pequenos soldados. Aos poucos, vou juntando coisas que sei que me vão fazer vencer.<br />Essa tua sombra, o ar que sugas sempre que te deslocas, a sensação de frio... Um dia vão ser apagados. Não de vez, porque sei que tu nunca me abandonarás.<br />Engraçado como existem tantas pessoas que se sentem sozinhas no mundo, e eu nem tenho oportunidade de sentir isso, porque te tenho a ti. Fazes-te notar dia sim, dia não. Se finalmente me sinto livre do teu aperto, voltas para me recordar que um dia te juntaste a mim e que não me vais abandonar. O mais estúpido é que, de uma forma ou de outra, já te procuro quando não te quero encontrar. Não te suporto, mas fazes-me sentir viva.<br />Por tua causa, conheci-me como nunca antes o tinha feito. Agora, em parte graças a ti, consigo tocar no fundo do meu mar, sem me afogar, sem entrar em pânico... E neste mar, há tanto que nunca vou revelar... E tu já o conheces melhor que ninguém. Já cá viveste antes de mim.<br />E é desta forma que estamos unidos. Tu não vives sem mim e eu... Eu não sei o que sinto.<br />Por isso escrevo-te, mesmo sabendo que não lerás nada disto. Já conheces tudo o que vai em mim... Melhor do que eu. As minhas palavras, no entanto, não são em vão. São suficientemente poderosas para me aliviar por momentos. E tu, mesmo vivendo em mim, não podes tocar neste meu alívio. Se os meus gritos não servem para te afastar, o que te escrevo serve para eu ganhar consciência do que te foste tornando. És mais um habitante de mim.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1147604409730162912006-05-14T11:57:00.003+01:002009-10-12T22:51:53.529+01:00Flores altas, relva alta, fresca. O orvalho ainda brilha, dando uma vivacidade a tudo o que me rodeia. Tenho o meu cenário preparado e sei que, por muito longe qe vá, as flores e a relva serão a única coisa que verei.<br />Descalça, sinto a terra debaixo dos meus pés. Fofa, suave ao toque, como se se tivesse preparado ela própria só para me receber. Inspiro e o aroma fresco de uma manhã acabada de nascer embriaga-me os sentidos. O sol está mesmo atrás de mim. Sei que ainda não mostra todo o seu esplendor mas, por enquanto, não me importa. Estou a preparar-me para ir de encontro a ele.<br /><br />O meu vestido branco flui livremente ao sabor da brisa que me arrepia a pele. Sorrio.Parada durante algum tempo, fico apenas a ocupar este lugar, sem nenhuma razão em especial. Estou livre. Estou pronta.<br />Dou um passo... Depois outro. Caminho devagar, sentindo o ar fresco da manhã, dando graças a tudo o que me foi concedido neste sítio. Borboletas seguem cada passo meu... Talvez tenham decidido ser minhas companheiras de viagem. Assim rodeada, sou fada num conto infantil.<br />O sol encontra-se já quase no cimo de mim. Já sei o seu caminho... Começo então a correr. De braços abertos o suficiente para conseguir sentir as flores roçar a ponta dos meus dedos... Corro na direcção em que o sol se dirige e o meu objectivo é alcançá-lo.<br />Aumento a velocidade da corrida e corro tanto que o meu peito começa a dar sinal... Ignoro-o. Psicologicamente sinto-me capaz de correr durante a eternidade...Mas o meu coração já bate descompassado, esforçando-se por fazer com que o oxigénio chegue aos meus aflitos pulmões. Os meus pés não sentem cansaço, e as minhas pernas já estão programadas para o alvo da minha corrida, alvo esse que pertence a não sei bem quem, mas que foi adoptado por mim.<br />Corro e o cenário não muda. Sei que não há aqui ninguém mas, mesmo assim e sempre em constante movimento, sinto-me observada.<br /><br />O meu vestido esvoaça em sintonia com o ondular do meu cabelo. As folhas tocam na minha pele, como que incentivando a minha fuga de um mundo que existe perdido em mim. O ar bate na minha cara, e lágrimas correm-me ao longo da face, não sei bem se de felicidade, emoção, tristeza, saudade ou se apenas correm por correr.Sinto o oxigénio a correr-me nas veias. Acho que nunca estive tão consciente do meu corpo como agora... Sei que o estou a levar ao limite, mas não vou parar. O meu peito grita de dor, como se estivesse prestes a rebentar. Se o meu coração não parar até lá, vou correr até anoitecer... Neste momento, eu e o meu coração estamos separados... Estou a ignorá-lo com todas as forças que me sobram. Aqui a razão está do lado do coração, e eu encontro-me do lado oposto.<br /><br />Passam horas e horas e eu nunca parei de correr... As minhas músicas de sempre têm vindo a acompanhar-me, e são elas que me têm acordado da inconsciência que me vai ameaçando.... E durante todo este tempo, acho que têm estado a olhar para mim, a seguir todos os meus passos. Agora, os meus olhos desfocados sentem que a luz diminui gradualmente... O sol desapareceu. É altura de parar por hoje. Acho que me vou deitar no chão e esperar pelo amanhã... Amanhã esse em que vou continuar atrás do Sol, até que, tal como Ícaro, as minhas as minhas asas de cera derretam.<br />Agora parada, nem me sinto eu. Estendida no chão, olho para o céu, com as estrelas lá no alto. Estou camuflada pela erva alta e sei, mesmo que estivesse aqui alguém, que não me veria. Ou pelo menos pensava que sim... Estou a sentir-me observada. Sei que estou a ser observada. Ouvi algo... Parecia um roçagar de asas. Levanto-me de rompante, mesmo a tempo de vê-las... Mas apenas por dois segundos.<br />Depois desapareceste.<br /><br /><br />Ao som de m83 @ Run into flowersBroken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1146170348220137342006-04-27T21:30:00.003+01:002009-10-12T22:52:20.113+01:00O céu está de um azul acinzentado, como que anunciando uma tempestade maior do que aquela que me afogava fisicamente. Anoitece.<br />A areia lá em baixo é fria, clara,fina; mar encontra-se escuro, revoltado com tudo e com todos, como se tivesse agora todo o peso que eu sentia no peito. Agora é o mar que manda. É ele quem carrega a dor, pois sei que ele é mais forte do que eu.<br />Sentada no chão, sinto as gotas de chuva cair no meu rosto, ensopando o meu cabelo, a minha roupa. Sinto uma brisa, não sei se quente, se fria. Não sei há quanto tempo me encontro aqui. Horas, talvez dias. Mas sinto-me em paz.<br />Olho para tudo, mas não vejo nada. Sinto o cheiro a maresia. Esse cheiro salgado que se entranha na pele e no espírito. Cheguei aqui sozinha, mas agora sei que estás aí princesa... Sinto as tuas asas a roçar na minha pele. Vieste ter comigo. Também não sei quando chegaste, mas só podes ter sido tu a trazer a melodia que me embala. Dizes-me baixinho que não preciso ser mais do que aquilo que sou.Tu nunca me exigiste nada, e agradeço-te por isso.<br />Tocas-me com a tua mão delicada. Eu salvei-te e tu agora estás a meu lado. Eu só preciso que fiques do meu lado a olhar para o infinito, tal como eu. Não precisas falar. Sente aquilo que eu estou a sentir... Mas nem eu sei o que estou a sentir.<br />Limito-me a existir. Aqui não preciso pensar, não preciso falar, não preciso fazer qualquer gesto: faço parte da paisagem e assim permanecerei. Porque vim das cinzas e em cinzas me tornarei... Tal como tu princesa.<br />Mas não renascerei... No entanto, se os restos de mim forem espalhados pelo vento, sei que viverei em cada pedaço de vida. A bem ou a mal, todos somos espalhados pelo vento.<br />O aroma de cada um, aroma que não se cheira, mas que se sente.<br />O bater do coração, o meu, o teu, o nosso, compassado, como se seguisse a batida de uma música cuja letra só a vida conhece.<br />O toque, o riso, o adeus...<br />Todos somos espalhados pelo vento.<br /><br />É só preciso esperar pela brisa certa.<br /><br />Acordo deste estado e ganho consciência do sítio em que me encontro, mas só porque parei de sentir a água na minha cara. Já é noite e o mar acalmou.<br />Mas está frio...<br />A anestesia passou.<br />Ainda aí estás princesa?<br />Olho para o lado... Desapareceste. Outra vez...<br /><br />Eu sei que voltarás.<br /><br /><br /><br />Ao som de David Fonseca - Haunted HomeBroken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23047966.post-1145628371064351302006-04-21T15:04:00.004+01:002009-10-12T22:52:48.633+01:00Tenho um não sei quê, que me dói não sei onde... Faz-me sentir estranha no meu próprio mundo.<br />Voltaste para me aterrorizar o espírito. A tua voz que é minha, mas é a voz do eu que não conheço... Voltaste para me aterrorizar as noites.<br />E assim voltei ao teu reality show... Deveria ser o MEU, onde EU decido o que faço ou deixo de fazer. Mas foste mais forte do que eu... Mais uma vez.<br />Não quero voltar a cair nas tuas palavras. Não quero voltar a sentir a tua respiração no meu pescoço.<br />Não quero voltar a saber que tu não existes, mas que mesmo assim me persegues.<br />Preciso de me afogar em mim própria. Preciso de me escrever de novo, mas para isso tenho que me reencontrar.<br />Mas tu não deixas. E magoas demais.<br />Porque voltaste?<br />Não vês as minhas lágrimas a cairem silenciosamente, noite sim, noite sim?<br />Não sentes a minha respiração a tentar normalizar, para que mais ninguém perceba o que se passa, a não ser tu?<br />Sim, porque é de ti que me quero livrar.<br />Tento procurar o teu silêncio, mas falas alto demais. Mesmo longe, falas alto demais.<br /><br />Eu sabia que ias voltar.<br /><br />Assim como sei que vou fazer com que desapareças.Broken Skinhttp://www.blogger.com/profile/15139225062197549704noreply@blogger.com2